- a porta abre ela entra.
vaga um lugar ela senta.
o dia não foi tão ruim.
ela cansada espera.
a cidade transpõe à janela,
mais uma estação.
no paraíso ele entra
e é tudo muito ligeiro.
um choque de olhar espontâneo.
e vaga um lugar, ele senta.
tira o boné, e uma olhada viés
passa a mão no cabelo
e ela intui um sorriso.
ele tira um livro
ela não consegue ler o título.
nota-se mais uma olhada e um desvio
sorriso no canto de ambos.
prosseguem essa paródia
sabe se lá quanto tempo.
olho daqui, riso de lá...
mas logo chega sua estação
ela não vai dizer nada
mais uma oportunidade perdida, anulada.
quase chegando... ela levanta
ergue-se também, ele se espanta.
dessa vez um olhar difuso.
portas automáticas e eles despontam.
estaticos apreciam o instante.
talvez por não saber o que fazer
talvez apenas para não perdêlo pra sempre.
não podem evitar a risada.
ele chega mais perto, pronuncia:
-vc não lembra de mim?
ela não se afasta, balbucia:
-lembro, claro que lembro!