quinta-feira, 16 de junho de 2011

são, loucos.

faz tempo e eu me pergunto

se ainda não perdi a razão.

um louco sabe quando está louco?

ou a loucura é só por diversão?

quem é o louco de fato,

aquele que não se adequa ao sistema?

ou aquele que encontrou solução

onde você só enxergava problema?

aquele que se curou da convulsão

quando escreveu um poema

ou os loucos são os demais,

amantes da espera

que se empenham em convencê-lo

de sua falta de razão pra

proteger sua existência de quimera?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Metrô

- a porta abre ela entra.

vaga um lugar ela senta.

o dia não foi tão ruim.

ela cansada espera.

a cidade transpõe à janela,

mais uma estação.

no paraíso ele entra

e é tudo muito ligeiro.

um choque de olhar espontâneo.

e vaga um lugar, ele senta.

tira o boné, e uma olhada viés

passa a mão no cabelo

e ela intui um sorriso.

ele tira um livro

ela não consegue ler o título.

nota-se mais uma olhada e um desvio

sorriso no canto de ambos.

prosseguem essa paródia

sabe se lá quanto tempo.

olho daqui, riso de lá...

mas logo chega sua estação

ela não vai dizer nada

mais uma oportunidade perdida, anulada.

quase chegando... ela levanta

ergue-se também, ele se espanta.

dessa vez um olhar difuso.

portas automáticas e eles despontam.

estaticos apreciam o instante.

talvez por não saber o que fazer

talvez apenas para não perdêlo pra sempre.

não podem evitar a risada.

ele chega mais perto, pronuncia:

-vc não lembra de mim?

ela não se afasta, balbucia:

-lembro, claro que lembro!